Sim, eu perdi meu BV com uma Lhama.

sexta-feira, 18 de julho de 2014



Suponho que a maioria de vocês tenha beijado pela primeira vez ao longo da infância, não é? Chutando alto, arrisco afirmar que 80% das pessoas que estão lendo isso agora perderam o famoso “BV” entre os 7 aos 13 anos de idade por aí. E como dizem por aí: “O primeiro beijo a gente nunca esquece” tenho que concordar, a gente não esquece mesmo...

Desde que me lembro fui uma criança meio estranha. Do tipo que usava cabelo tigelinha, roupas escolhidas pela vovó, curtia uns dinossauro, colecionava selos, curtia umas revistinhas de super herói e pá. Logo, já era de se esperar que eu não era um cara muito atrativo aos olhos das garotinhas do parquinho, né? Eu mesmo não dava muita importância pra isso afinal, eu tinha vídeo game e beijar garotinhas depois da escola significava chegar atrasado e pegar o episódio de Xena – A Princesa Guerreira pela metade, o que na época não valia a pena. -  Até que consegui conquistar um ou dois coraçõezinhos de umas princesinhas ao longo da minha infância mas nenhum beijo me traz tantas recordações quanto o meu primeiro.

Nasci na capital de São Paulo e vivi por lá até os meus 6 anos de idade até me mudar pra Itu, uma cidadezinha no interior que quase nada de emocionante acontece exceto pelos  acidentes de transito fora do comum que por sinal eu nunca vejo e sou o ultimo a saber. Talvez muitos de vocês só conheçam os pontos turísticos daqui, isto é, o orelhão, o semáforo, onde tem as coisas grandes, blá bá blá e etc. Mas por aqui também temos uma fazendinha muito interessante que eu não me recordo o nome (é algo parecido com Fazendinha de Chocolate, Chocolate da Fazenda) onde comumente ocorrem os passeios tranquilos em família nos finais de semana. Lá a criançada se diverte com os animais e eu, cagão, odiava quando íamos até lá. Entre todos os animais do lugar, o que mais atraia a atenção do pessoal era uma única solitária lhama que se dedicava a vagar sem rumo pelos arredores da fazenda, ela em especial me botava um medo fora do comum. Se você já visitou o lugar, sabe do que estou falando.

Em um final de semana qualquer, recebemos a visita de uns tios e primos de São Paulo e como de costume, quando recebíamos algum familiar ou amigo da família pela primeira vez em casa, era de lei leva-los pra conhecer a fazendinha. Notando meu medo pela Lhama de Lúcifer (apelidinho carinhoso que eu dei pro bicho) meus primos disseram que me dariam R$ 20,00 se eu desse um selinho no animal. Claro que de inicio eu não aceitei, afinal, cagão do jeito que eu era nem fodendo que iria chegar perto daquele Esporro de Belzebu.

Desde que eu me conheço por gente, eu era uma criança que fazia tudo, repito, TUDO por um exemplar mensal da Revista Recreio que na época vinha os Rock Animals de brinde, eram umas pedras que se transformavam em animais (foda) e eu não havia perdido nenhuma edição desde o primeiro mês de publicação (tem coisas na vida de uma pessoa que nunca mudam, né?) e pensando melhor na oferta calculei que R$ 20,00 significavam 2 edições dá revista. Por acaso, naquele mês, havia sido distribuída nas bancas uma outra revista paralela com um bloco de argila e uma espátula que você ia cavando até desenterrar os fósseis de um triceratops muito maneiro e isso me fez mesmo que por alguns segundos cogitar a possibilidade de voltar atrás na aposta (Essa vida só me fode).


- Pensando melhor no assunto, concluí que até poderia valer a pena dar uns pegas na Lhama já que a recompensa seria, pra mim, muito significativa. Eu me lembro de vê-la bebendo água no lago perto da entrada então encarei ela de longe e fui me aproximando com o coração na mão e com o orifício anal que não passava nem um átomo sequer. Quando estava mais ou menos a uns 4 metros de distância ouvi uma voz familiar dizer mais ou manos algo parecido com um: “VAI CAGÃO!!!” e digamos que isso chamou um pouco a atenção do filhote de satã que interrompeu sua bebidinha de água pra ver o que estava acontecendo.
Ela olhou diretamente nos meus olhos e um frio me correu pela barriga, pude ouvir uma música parecida com Careless Whisper do George Michael ecoar dentro da minha cabeça e se unir com o odor forte do animal – romântico, diga-se de passagem. Como uma cobra ninja treinada nas montanhas do oeste dá névoa sangrenta dei um abraço no pescoço do animal e beijei seus dentes.

Credo, que nojo! O animal me parecia estar sorrindo e tirando com a minha cara. Nunca mais vou esquecer dessa experiência traumática que se tornou pior ainda quando descobri que o animal pertencia ao sexo masculino.
Depois do ato, corri como se não houvesse amanhã tropeçando algumas vezes até uma mesa de madeira onde se encontravam meus tios, primos e meu pai gargalhando para reclamar meu merecido premio. Eu estava disposto a aguentar as piadinhas infames do pessoal por tempo indeterminado desde que se comprometessem em me levar até a banca no momento que saíssemos de lá. Aguentei, sou um guerreiro!

Bom, concluindo: Consegui os vintão, consequentemente duas Revistas Recreio e perdi meu BV com o animal que mais tinha repulsa no mundo. Se você acha sua primeira experiência com beijos traumática, agora não acha mais.

Então caso você um dia visitar a cidade de Itu, não se esqueça dar uma passadinha pela “Fazenda do Chocolate” na estrada sentido Cabreúva e se por um acaso se depararem com a Lhama, se lembrem de mim - Creio eu que ela ainda esteja por lá, me esperando...

Novamente não sei porque estou contando uma coisa dessas pra pessoas desconhecidas que acessam esse site. Não culpo vocês se me julgarem como um perfeito escroto por isso mas e dai se a vida é assim mesmo?

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